a ideia de passar por muitos países sempre me acompanhou desde pequeno. gostava de falar com pessoas que já tivessem viajado e conhecido muitos sítios. chegava mesmo a contar por quantos países tinham passado e a fazer uma espécie de campeonato entre todos.
lembro-me uma vez de, à conversa com o meu Pai, teria eu os meus 10 ou 11 anos, ficar deslumbrado com a sua passagem por Paris. imaginei-o num Mundo completamente diferente, com pessoas diferentes, paisagens diferentes, lingua diferente e na sua necessidade de comunicação alternativa para resolver as situações mais vulgares.
aos 16 conheci o então campeão viajante. um amigo de encontros casuais, próprios da convivência de grupos da adolescência. era conhecido por Magoo, como a personagem Mr.Magoo. não que tivesse problemas de visão, antes pelo contrário. a sua visão tornou-se global e aberta, fruto da sua passagem pelos 4 cantos da Europa e pela sua ambição de alastrar a sua conquista ao Mundo inteiro.
o Magoo viajava muito de comboio. fazia inter-rail, às vezes dois meses seguidos, com dinheiro que nunca percebi como conseguia. às vezes pedia boleia mas mantinha sempre um discurso despreocupado quanto às armadilhas do dia-a-dia. onde comer e dormir parecia, te todo, o menos importante nas suas viagens.
importante mesmo eram as suas descobertas e a cobertura mais vasta possível do terreno global.
reparei que os truques se aprendiam no caminho, conforme surgiam as dificuldades ou as necessidades. para uma pessoa habituada a prevêr todo o tipo de acidentes, tudo aquilo me parecia quase absurdo e aterradoramente irresponsável. achava mesmo que colocava a sua vida em perigo apesar de a recompensa ser maravilhosa. era como costruir um curriculum e deixar a sua pegada em toda a parte. era um prémio valiosíssimo.
já quando frequentava a faculdade tinha um colega chamado Gastão. outra personagem da banda desenhada cujo título de sortudo só podia ter um significado. o Gastão não demonstrava ser propriamente abastado financeiramente mas nem por isso deixou de experienciar a aventura do inter-rail. partiu com poucos recursos monetários mas muitos mantimentos e, pelo caminho, trabalhava: na apanha de morangos; vindimas. enfim, no que o caminho lhe propunha.
decerto tinha planos prévios antes de partir mas não me ocorria tal observação. na minha cabeça só passava o facto de que ele ia fossem quais fossem as dificuldades.
a tudo isto, e aliado à minha vontade de querer ir longe, tão longe quanto possível, varrendo todo o espaço pisável, juntou-se a minha relação com a Patrícia, com quem comecei a namorar aos 16 e cujo espírito me abriu o caminho da conquista. a certeza que depositava em mim garantia-me que era capaz ou que teria de demonstrar que era capaz. afinal, também a Patrícia queria pisar o Mundo todo, também ela conheceu o Magoo e o Gastão e outros que se nos cruzaram pelo caminho conjunto.
as minhas viagens pela Europa na década de 90 como pretexto para uma visão da evolução do território, alargado ao mundo inteiro numa era de globalização tecnológica. Da Queda do Muro de Berlim, no início da década, até à Queda das Twin Towers de N.Y.. A última década do sec. XX revisitada agora.
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Nota introdutória
O título que eu queria dar a este conjunto de episódios, que mais tarde esperarei que se tornem numa espécie de obra, não era propriamente este mas "Da queda do muro de Berlim à queda das Twin Towers de New York".
título grande, tão grande que não cabia no título do blog, onde tudo isto começa.
a idéia de escrever sobre as minhas viagens é relativamente antiga e associa-se à necessidade de escrever com algum teor de interesse público. se terá ou não, pouco me importa. o que me importa é levar a cabo esta vontade até ao fim.
as minhas viagens não começaram quando o muro de Berlim caiu nem terminaram quando as torres foram abaixo, no entanto a década de 90 foi a mais rica em aventuras relacionadas com a minha descoberta do Mundo, sobretudo da Europa, e também a mais rica, por mim vivida, em mudanças globais.
começava o fim da era Soviética, começava a expectativa de progresso em Portugal, aparecia a internet, o telemóvel, as caixas ATM e a moeda única europeia para combater o dólar.
agregação de territórios aqui, desagregação ali, mudanças constantes e cada vez mais rápidas. o ritmo da evolução social torna-se frenético e quase descontrolado.
durante esta década fartei-me de passear pelo Mundo. não tanto como desejaria no meu íntimo mas tanto quanto os meus medos e as minhas possibilidades permitiram.
é sobre estes momentos que vou escrever e ilustrar.
os momentos de descoberta
de corpo presente
e de mudança global envolvente
título grande, tão grande que não cabia no título do blog, onde tudo isto começa.
a idéia de escrever sobre as minhas viagens é relativamente antiga e associa-se à necessidade de escrever com algum teor de interesse público. se terá ou não, pouco me importa. o que me importa é levar a cabo esta vontade até ao fim.
as minhas viagens não começaram quando o muro de Berlim caiu nem terminaram quando as torres foram abaixo, no entanto a década de 90 foi a mais rica em aventuras relacionadas com a minha descoberta do Mundo, sobretudo da Europa, e também a mais rica, por mim vivida, em mudanças globais.
começava o fim da era Soviética, começava a expectativa de progresso em Portugal, aparecia a internet, o telemóvel, as caixas ATM e a moeda única europeia para combater o dólar.
agregação de territórios aqui, desagregação ali, mudanças constantes e cada vez mais rápidas. o ritmo da evolução social torna-se frenético e quase descontrolado.
durante esta década fartei-me de passear pelo Mundo. não tanto como desejaria no meu íntimo mas tanto quanto os meus medos e as minhas possibilidades permitiram.
é sobre estes momentos que vou escrever e ilustrar.
os momentos de descoberta
de corpo presente
e de mudança global envolvente
Subscrever:
Mensagens (Atom)