quinta-feira, 28 de março de 2013

Episódio 2 - continuação

A viagem havia começado, via Madrid, em Barcelona. Chegámos tarde e não havia mais ligações. Ao ver que não éramos os únicos, procurámos um canto dentro da estação para esticar os sacos-cama e repousar. Nem 15 minutos passavam e já a polícia nos convidava a sair da estação para que pudesse ser fechada e limpa. Os sacos-cama passaram para a rua, para a praça em frente a Barcelona-Sants. Aqui ficaram mais de 20 desprevenidos com sacos-cama esticados. Juntaram-se dois italianos, um casal, e ali ficámos a conversar e a aprender caminhos para alcançar Venezia rapidamente. Na manhã seguinte rumámos a Genéve. passaram algumas horas e logo seguimos para Lausanne, onde encontraríamos ligação direta a Venezia. Lausanne pareceu-me uma Coimbra, atulhada de gente com idade para ser estudante universitário mas com recursos dferentes. Era evidente a quantidade de dinheiro que por ali se ganhava e gastava. A comprovar as diferenças estavam os milkshake´s do Mc Donald´s que custavam o mesmo que um almoço num qualquer restaurante lisboeta. Tomei um...milkshake!
Hora de entrar no comboio outra vez e avançar até à primeira paragem prevista, Venezia.
Os italianos em Barcelona ensinaram-nos que ficando em Mestre (Venezia) pouparíamos bastante dinheiro na estadia e dali a Santa-Luzia (a Venezia que todos conhecem) era um pulo de 5 min de comboio.
Chegámos de manhã, após a noite passada num compartimento de comboio suiço. Não demorou muito a encontrar um alberggo com um quarto para os 3. Bem mais barato que o previsto, graças aos italianos de Barcelona.
Das mochilas sairam os púcaros e as latas de comida e logo se fez uma festa no quarto. Era um facto, estava ali, longe de tudo, num quarto alugado, em Venezia! Uma vitória foi o que senti!
Ficámos aqui 3 dias e andámos por todas as ruas de Santa Luzia. A praça de São Marco, as gôndolas, as pontes, os canais, as gentes de todo o mundo. Tudo era magnífico. O dinheiro não dava para grandes aventuras mas foi engraçado vaguear aleatóriamente por Santa Luzia. Na última noite decidimos apanhar um vaporetto que atravessava alguns dos maiores canais e que nos levava à estação de comboios. Tivémos uma surpresa e o último comboio já havia partido. Esperámos até às 5 da manhã para poder fazer o trajeto de 5 minutos de volta ao alberggo em Mestre. A escadaria em frente à estação serviu-nos de palco para conhecer mais um italiano que estava curioso com a nossa origem e nós com a sua curiosidade. Bom, habituado a escadarias, eu já estava. Na tarde anterior, após um belo almoço de fatias de pizza do quiosque, fiz uma bela sesta à entrada de uma pequena igreja que ficava no fundo de uma das ruas que terminavam no canal, sem saída portanto. Acordei quando a missa ia começar e as pessoas queriam subir as escadas. Foi o mais próximo que tive de me sentir um mendigo.
Após uma noite em branco, lá fomos de volta ao alberggo, arrumar a mochila e cochilar um pouco para partir de novo. Era hora de conhecer a Áustria e a cidade natal de Mozart, Salzburg.


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